Dependendo das prioridades e tendências das redes patrocinadas sim, seguir trends e fazer tráfego pago pode estar patrocinando doenças.
A competição por atenção nas redes sociais e jogos está gerando um excesso de fontes de dopamina (o neurotransmissor do prazer) que está adoecendo as pessoas.
Se você se preocupa com a saúde da sua família e das próximas gerações, te convido a repensar se deve patrocinar essa indústria que está se tornando uma das principais causadoras de doenças, especialmente doenças mentais, a recentemente intitulada “Indústria da Atenção”, ou como eu a chamo, a "Indústria da Dopamina Barata", que abrange a maioria das redes sociais, principalmente as com conteúdo curto.
Por meio dessa reflexão busco mostrar que patrocinar essa indústria seja através de anúncios, de produção de conteúdo que segue “tendências”, ou mesmo com sua atenção, na maioria das vezes é igual a patrocinar violência, caos social, doença e até morte.
Não digo aqui que não existam nessas redes conteúdos úteis, edificantes, que possam mudar parar melhor a vida das pessoas. Esses conteúdos existem. Mas geralmente, com poucas exceções, não são os que têm centenas de milhares ou até milhões de seguidores e curtidas. As tendências mais polarizadas, polêmicas, arriscadas, hipersexualizadas ou de glamourização do crime, acabam recebendo mais atenção, o que influencia a decisão dos criadores de conteúdo e a sociedade como um todo.
E não, este conteúdo não será curto. Se você não se importar com o mal que está causando a si mesmo ou a outras pessoas ao patrocinar ou produzir conteúdo para simplesmente prender a atenção nas redes sociais, pode pular este vídeo ou ir para a sua rede preferida. Mas se você quer entender como evitar que a publicidade e a sua participação nas redes sociais cause mais doença e morte, fique comigo até o final.
A Guerra das Redes de Conteúdo Curto
Eu poderia ser ainda mais radical e dizer para você parar de assistir conteúdo curto, especialmente se for inútil, mas não farei isso porque acredito que muito conteúdo curto pode agregar valor e ajudar as pessoas. O humor, por exemplo, é útil? Depende. Pode ser bom ao descontrair, fornecer informações verdadeiras, ensinar algo ou fazer as pessoas questionarem os absurdos da vida e, portanto, fazê-las pensar. No entanto, também pode incentivar preconceitos, encorajar comportamentos abusivos, disseminar informações falsas ou simplesmente alienar as pessoas. Tudo depende do tipo de humor.
E as dancinhas da internet são úteis? Depende. Se forem realizadas em um contexto artístico, ou se contribuírem para a saúde física e cognitiva, podem ser admiráveis e funcionais. No entanto, o problema é que os usuários, seguindo as tendências, estão hipersexualizando não apenas as danças, mas também as roupas e, principalmente, as músicas, que apresentam conteúdo cada vez mais pornográfico, de glamourização do crime, incentivando o uso de armas e drogas, a objetificação feminina, o abuso e a violência sexual, o sexo não consensual ou sem compromisso, o estupro, a pedofilia, e diversas formas de violência psicológica, moral e física. São letras terríveis. Mas como são conteúdos que aparecem como "tendências", todos repetem sem perceber que estão incentivando e "normalizando" comportamentos inadmissíveis. Esses conteúdos não são apenas inúteis, são nefastos, prejudiciais e, em muitos casos, fatais.
Este é um assunto sério. Devemos refletir sobre que comportamentos estamos apoiando, seja com nosso dinheiro ou nossa atenção. A atenção, hoje em dia, é mais valiosa do que o tempo, e muitos estão lutando por ela.
Mas e o tráfego pago? O que ele tem a ver com os malefícios da Indústria da Atenção?
O tráfego pago é a publicidade na internet por meio de anúncios patrocinados. A Indústria da Atenção refere-se à competição por capturar e reter a atenção das pessoas em um ambiente cada vez mais saturado de informações. Essa guerra por atenção obviamente não é apenas pelo dinheiro dos anunciantes, mas pelo poder que é gerado com o processamento e controle dos dados que os usuários fornecem gratuitamente à essa indústria. Quanto mais dados cedemos, mais os anunciantes podem segmentar a publicidade e conseguir melhores resultados.
Nas eras do rádio e da TV, a publicidade já patrocinava meios de mídia eletrônicos e era como uma metralhadora giratória, com uma estratégia de alcance amplo para um público diversificado. As campanhas eram veiculadas nos intervalos comerciais, muitas vezes quando as pessoas conversavam ou iam ao banheiro. Embora alcançassem um grande número de pessoas, havia pouca segmentação específica. A publicidade era dispendiosa e tinha que ser muito repetitiva e criativa para alcançar seu público alvo. Era mais difícil chamar a atenção para gerar a "propaganda boca-a-boca".
Na era da internet, com base em dados fornecidos e compartilhados pelos próprios usuários, como interesses, comportamentos de navegação e dados demográficos, a publicidade continua a patrocinar os veículos de comunicação, mas pode ser comparada a um fuzil de um sniper. Os anúncios são entregues de forma mais precisa, atingindo diretamente as necessidades ou desejos das pessoas, no momento certo. Essa precisão tem aumentado consideravelmente os resultados e, consequentemente, os investimentos em publicidade e propaganda nos últimos anos. A internet proporcionou um ambiente mais acessível, abrangente e mensurável para a veiculação de anúncios, que depois de entregues são compartilhados pelo “boca-a-boca virtual” nas redes sociais, à velocidade da luz.
É importante salientar que hoje em dia, com a internet, não apenas a publicidade é entregue sob demanda, mas o conteúdo também. Você não precisa esperar um dia e horários específicos para ver o conteúdo que gosta, como era antes na era da televisão. Os algoritmos aprendem com suas preferências e entregam mais do que você quer ver.
Assim, as redes sociais têm ocupado cada vez mais espaço na vida das pessoas, desde crianças a idosos. Os influenciadores e criadores de conteúdo digital, que conseguem monetizar seus canais, chamando mais atenção dos seguidores, precisam estar cientes que quando são patrocinados por essas redes, na verdade são patrocinados pelos anunciantes.
É fácil entender que os perfis e canais das redes sociais que não conseguem prender a atenção das pessoas darão menos ou nenhum resultado para os anúncios. Além disso, as redes que não retém as pessoas, coletam menos dados de seus usuários para compartilhar com os anunciantes, tendem a ter piores resultados e, consequentemente, são menos preferidas pelos anunciantes.
Tudo isso impacta diretamente o comportamento dos algoritmos responsáveis pela entrega de conteúdo. As plataformas não apenas buscam sobreviver, mas também desejam vencer a guerra pela atenção e poder. Nessa batalha, os influenciadores seguem tendências manipuladas pelos algoritmos, que priorizam, em muitos casos, conteúdos sensacionalistas, títulos chamativos (clickbaits), hipersexualização, ostentação, consumismo e a criação de uma cultura do imediatismo, em que empresas e produtores de conteúdo buscam resultados conquistando a atenção das pessoas a qualquer custo.
O Cassino da Atenção
As redes sociais sabem exatamente o que prende a sua atenção. E, usando estratégias semelhantes às dos cassinos, intercalam conteúdos mais leves e "satisfatórios" com outros mais polêmicos e pesados para mexer com as suas emoções e mantê-lo estimulado pela dopamina. Mas falaremos sobre a dopamina em breve. Primeiro, vamos abordar essas estratégias semelhantes às usadas em cassinos.
Recompensas imprevisíveis: As redes sociais utilizam notificações, curtidas, comentários e compartilhamentos para fornecer recompensas imprevisíveis. Assim como nas máquinas caça-níqueis, as pessoas recebem recompensas em momentos aleatórios, criando uma sensação de excitação e antecipação, incentivando o retorno contínuo.
Feedback imediato: As redes sociais fornecem feedback imediato quando recebemos interações ou comentários em nossas postagens. Esse feedback instantâneo gera uma sensação de gratificação e recompensa, estimulando o desejo de buscar mais interações.
Design viciante: As redes sociais são projetadas para serem envolventes e viciantes. Recursos como rolagem infinita, reprodução automática de vídeos e sugestões de conteúdo personalizado mantêm as pessoas navegando por mais tempo, tornando difícil sair da plataforma.
Compensação financeira pelo tempo "perdido": Para que você não saia de mãos abanando e evite sentir que perdeu completamente seu tempo (e, portanto, seu dinheiro), muitas redes sociais oferecem moedas virtuais, presentes virtuais ou até mesmo remuneração em dinheiro por meio de parcerias ou programas de afiliados. Isso cria um incentivo para você retornar, continuar usando a plataforma e interagir com o conteúdo. Além disso, ao compartilhar o conteúdo com outras pessoas, você pode receber uma pequena porcentagem dos ganhos com anúncios. Isso recompensa o tempo que você "perdeu" ou fez os outros "perderem" assistindo aos seus conteúdos na plataforma.
Quanto mais você assiste a esses conteúdos, mais as plataformas sabem exatamente o que você quer ver, e elas continuarão mantendo essa bolha de informações para fazer você se sentir recompensado por gastar seu tempo ali. Quando essa estratégia da “bolha” estiver saturada, gerar resistência e não surtir mais efeito, elas voltam a intercalar diferentes conteúdos que causem uma "gangorra emocional" para gerar mais dopamina, o "neurotransmissor do prazer".
Conclusão
Diante do exposto, é evidente que a indústria da atenção, impulsionada pelo tráfego pago e pelas estratégias de manipulação da dopamina, tem um impacto significativo em nossa saúde física e mental. As redes sociais competem ferozmente pela nossa atenção, utilizando táticas projetadas para nos manter engajados e dependentes de seus conteúdos.
É fundamental refletir sobre as consequências dessas estratégias em nossa saúde e bem-estar. Devemos questionar os comportamentos que estamos patrocinando, seja com nosso dinheiro ou nossa atenção. Afinal, a atenção é um recurso valioso e limitado.
Podemos tomar medidas para proteger nossa saúde mental, como estabelecer limites no uso das redes sociais, selecionar cuidadosamente o conteúdo que consumimos e buscar plataformas que valorizem a entrega de conteúdo útil, edificante e saudável.
Além disso, é crucial promover uma cultura de marketing responsável, baseada em conteúdo relevante e agregador. As empresas de tecnologia devem assumir a responsabilidade por suas práticas e priorizar o bem-estar dos usuários em vez do lucro desmedido.
Nesse contexto, o canal do Youtube e Blog do site “Luno Som” (LunoSom.Com) espera inspirar profissionais de publicidade e propaganda apresentando a proposta do Social Optimized Marketing (SOM). Um marketing responsável, honesto, transparente, não focado apenas no lucro, mas principalmente no valor que pode gerar para a vida das pessoas. Sua principal estratégia é de Tráfego Orgânico através do Marketing de Conteúdo (bom e útil) e do Marketing de Influência (Sem comprar influencers, fazendo-os experimentar e falar a verdade sobre seus produtos). A qualidade real de seu conteúdo e produtos é a principal publicidade, sem as promessas vazias ou enganosas que se vê por aí.
Ao nos conscientizarmos dos impactos do tráfego pago, das estratégias de manipulação da dopamina e do uso excessivo das redes sociais, podemos fazer escolhas mais conscientes em relação às plataformas que apoiamos e ao tipo de conteúdo que consumimos. Vamos buscar um equilíbrio saudável no uso da tecnologia e promover uma cultura digital que valorize nossa saúde física, mental e emocional.
A saúde da nossa mente e das próximas gerações depende das escolhas que fazemos hoje. Cabe a cada um de nós contribuir para a construção de um ambiente online mais saudável e equilibrado.