Descubra os segredos por trás do neurotransmissor do prazer.
Será que estamos sendo dominados pela busca incessante por gratificações?
Prepare-se para mergulhar em uma jornada fascinante, onde exploraremos os efeitos dessa substância no cérebro e desvendaremos os impactos surpreendentes, mas nem sempre conhecidos, na nossa saúde física e mental.
Convidamos você a desvendar os mistérios da dopamina e repensar nossa relação com a tecnologia.
Aventure-se nesse conteúdo e desafie suas concepções prévias sobre prazer e bem-estar!
O que é a Dopamina?
A dopamina é uma substância que atua como mensageiro químico no sistema nervoso, um neurotransmissor do sistema de recompensa do cérebro. É amplamente conhecida como o "neurotransmissor do prazer" e está envolvida na regulação do humor, motivação, aprendizado, prazer e diversas funções cognitivas.
Molécula da dopamina
Esse neurotransmissor é produzido em diferentes áreas do cérebro, incluindo o núcleo accumbens, o córtex pré-frontal e a área tegmental ventral. Essas regiões estão associadas ao processamento de recompensa e tomada de decisões.
Quando experienciamos algo agradável, ou usando uma palavra da moda, "satisfatório", como comer uma comida saborosa, receber uma recompensa ou atingir uma meta pessoal, ocorre a liberação de dopamina nessas áreas do cérebro. Essa liberação de dopamina cria uma sensação de prazer e recompensa, incentivando-nos a buscar novamente aquela experiência.
As empresas de tecnologia, conscientemente, exploram esse sistema de recompensa do cérebro ao projetar plataformas que oferecem estímulos constantes e gratificações imediatas. A cada nova notificação, a cada nova atualização de feed, a dopamina é liberada, reforçando nosso comportamento de busca por mais.
É importante reconhecer que a busca excessiva por dopamina pode ter consequências negativas para nossa saúde mental. O constante engajamento com conteúdo superficial, polarizado, hipersexualizado ou sensacionalista pode levar a uma busca compulsiva por recompensas e uma sensação de insatisfação constante.
10 Consequências negativas do excesso de dopamina na nossa saúde física e mental:
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Vício e dependência: A busca constante por estímulos que levem à liberação de dopamina pode levar ao desenvolvimento de comportamentos viciantes. O vício em atividades online, como jogos, redes sociais ou pornografia, ocorre quando o cérebro se torna condicionado a buscar repetidamente aquelas experiências para obter a sensação de recompensa.
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Diminuição da satisfação: A exposição constante a fontes dopaminérgicas pode levar a uma diminuição da sensibilidade a esses estímulos ao longo do tempo, idêntica a tolerância causada pelo uso de drogas. Isso significa que a pessoa pode precisar de estímulos cada vez mais intensos ou frequentes para obter a mesma sensação de prazer, o que pode levar a uma busca incessante por novas experiências e a comportamentos de risco, como envolvimento em atividades perigosas (e/ou ilícitas), busca por sensações extremas ou uso de substâncias nocivas, na tentativa de obter a gratificação desejada.
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Desregulação emocional: O desequilíbrio na liberação de dopamina também pode interferir na regulação emocional. Pessoas expostas a altos níveis de estimulação e recompensa constante podem apresentar oscilações emocionais, dificuldades em lidar com frustrações e uma sensação de insatisfação crônica.
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Prejuízos na saúde mental: O uso excessivo de estímulos dopaminérgicos pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos mentais, como ansiedade, depressão, transtornos do controle do impulso, ou até mesmo psicose e alucinações, principais sintomas da esquizofrenia. A pressão constante por engajamento e validação nas redes sociais também pode levar a sentimentos de inadequação, baixa autoestima e comparação social prejudicial.
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Isolamento social: O tempo excessivo gasto nas redes sociais em busca de recompensas e gratificações imediatas pode levar ao isolamento social. O foco constante nessas plataformas pode levar à negligência das relações interpessoais no mundo real, levando a uma sensação de solidão e desconexão.
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Baixa autoestima: A exposição constante a conteúdos que enfatizam aparência física, sucesso material ou padrões inalcançáveis pode levar a uma diminuição da autoestima. A comparação constante com os outros nas redes sociais pode levar a sentimentos de inadequação e insatisfação com a própria vida.
- Perda de foco e produtividade: A busca incessante por estímulos dopaminérgicos pode levar à distração constante e à dificuldade em manter o foco em tarefas importantes. O tempo gasto nas redes sociais em busca de recompensas imediatas pode prejudicar nossa produtividade e desempenho em outras áreas da vida.
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Deterioração da qualidade do sono: O uso excessivo das redes sociais antes de dormir, em busca de estimulação e recompensas, pode interferir na qualidade do sono. A exposição à luz azul dos dispositivos eletrônicos e o engajamento constante com conteúdo emocionalmente estimulante podem prejudicar nosso ritmo circadiano e dificultar o sono reparador. A privação do sono adequado está associada a uma série de problemas de saúde, incluindo aumento do risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e comprometimento do sistema imunológico.
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Sedentarismo: O tempo gasto nas redes sociais em busca de estímulos constantes pode levar a um estilo de vida sedentário. Quando estamos imersos nas plataformas digitais, muitas vezes negligenciamos a prática de atividade física regular. O sedentarismo está relacionado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes tipo 2 e outras condições crônicas.
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Desenvolvimento de transtornos alimentares: A busca por prazer imediato e recompensas constantes pode levar ao desenvolvimento de transtornos alimentares, como a compulsão alimentar. A busca por alimentos altamente palatáveis e estimulantes pode levar a comportamentos alimentares desregulados e problemas de saúde relacionados, como obesidade, doenças cardíacas, diabetes e deficiências nutricionais.
Abraçar o Desconforto para Redefinir o Equilíbrio.
Em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia e pelas redes sociais, surge uma preocupação adicional relacionada ao contexto da dor e do desconforto. Além de lidarmos com os desafios da vida moderna, temos a responsabilidade das redes sociais e da publicidade, que utilizam os dados compartilhados voluntariamente (mas nem sempre conscientemente) pelos usuários para atingir cada vez mais os consumidores em suas necessidades e desejos, criando um ciclo de estímulo dopaminérgico constante.Nesse contexto de busca incessante por evitar qualquer forma de dor ou desconforto, a psiquiatra Anna Lembke, chefe da clínica especializada em adicções na Universidade Stanford, levanta um ponto crucial: ao eliminar completamente a dor, estamos nos privando de experiências que nos fortalecem e nos preparam para os desafios futuros. Ela ressalta que a dor pode ser entendida em um sentido amplo, englobando tanto o sofrimento emocional e espiritual quanto os diferentes tipos de dor física e psicológica. E destaca que evitar a dor nos priva de experiências que constroem nossa resiliência mental e nos preparam para desafios futuros. Anna Lembke autora do livro 'Nação Dopamina' — Foto: STEVE FISCH/DIVULGAÇÃO/BBC
Um exemplo interessante dessa retomada do contato com o desconforto é a terapia do banho gelado, algo aparentemente simples, mas que traz benefícios tanto para a circulação quanto para o alívio da depressão.
No entanto, vivemos em uma época em que procuramos evitar a dor e buscar o prazer a todo custo, protegendo-nos e protegendo nossos filhos de qualquer experiência desafiadora. Essa atitude pode privar as crianças da oportunidade de construir uma fortaleza mental necessária para enfrentar o mundo.
Diante disso, surge a pergunta:
Será que a vida moderna, com todas as suas pressões e desafios, não exige algum tipo de alívio para essas dores?
Anna Lembke concorda que vivemos em um mundo estranho e desafiador, e reconhece que os medicamentos psicotrópicos têm sido uma forma de adaptação a essa realidade. No entanto, ela ressalta que esses medicamentos são prescritos em excesso, sem levar em consideração seus efeitos negativos, como o potencial de vício ou a privação das emoções intensas que nos tornam humanos.
Outras formas de “alívio” são criadas pela indústria do entretenimento, ou “indústria da atenção”, que é formada pela maioria dos meios de mídia eletrônica, incluindo as redes sociais, através da utilização de estratégias precisas e do uso dos dados dos usuários, essas plataformas mantém nossa atenção ao oferecer estímulos personalizados e gratificações imediatas, visando promover o consumo de produtos e serviços dos anunciantes. O resultado é esse ciclo vicioso que está afetando negativamente nossa saúde mental e física, levando ao vício, diminuição da satisfação, desregulação emocional e outros problemas.
Por esta razão, o CEO da LunoSom.Com, Luno Sax, se recusa a fazer tráfego pago (anúncios) nas redes de conteúdo curto, que são as principais causadoras do vício em dopamina. Ele acredita que patrocinar essa indústria é o mesmo que patrocinar esse vício, pois muitas tendências são manipuladas pelo algoritmo apenas para a retenção da atenção das pessoas, na maioria das vezes sem agregar valor real a vida delas.
Nota-se que é crucial repensarmos nossa relação com a tecnologia e buscarmos um equilíbrio saudável. Devemos estar conscientes dos mecanismos que nos mantêm engajados, ao mesmo tempo em que valorizamos a importância de lidar com o desconforto como uma oportunidade de crescimento e fortalecimento mental. Além disso, as empresas têm a responsabilidade de agir de forma ética, priorizando a saúde e o bem-estar dos usuários em vez de buscar apenas o lucro e o engajamento a qualquer custo. Assim, poderemos encontrar um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia e o bem-estar individual.
Se você quiser saber como os patrocinadores de anúncios estão indiretamente contribuindo para o adoecimento físico e mental das pessoas, leia a matéria “PARE DE FAZER TRÁFEGO PAGO”.
Fontes:
Dopamina: por que busca desenfreada por estímulos pode tirar satisfação da vida | Ciência | G1 (globo.com)
Dopamina: o que é, função e relação com doenças - Mundo Educação (uol.com.br)
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